A IMPORTÂNCIA DA POLINIZAÇÃO CRUZADA NA CULTURA DE MELANCIA

A melancia representa um importante segmento do agronegócio brasileiro, sendo considerada a terceira fruta mais produzida no País, gerando um valor estimado de R$ 1,3 milhão (Agrianual 2018), com produção de 2.184.907 toneladas em uma área colhida de 98.205 hectares com produtividade média de produção de 22.248 kg por hectare (IBGE, 2020).

A produtividade das cucurbitáceas em escala comercial está relacionada com um manejo altamente tecnificado, incluindo a adição de colmeias com abelhas nas áreas, para efetiva polinização. Entretanto, em alguns locais, não é utilizado a técnica de introdução de polinizadores manejáveis, mesmo onde a área plantada vem aumentando e, consequentemente, diminuindo a vegetação nativa nos arredores, ficando a polinização por conta dos insetos existentes nos fragmentos de vegetação natural no entorno do cultivo, o que muitas vezes não é suficiente para atender aos requerimentos de polinização da cultura ao longo de área total plantada (SIQUEIRA et al., 2011).

As abelhas são os mais importantes polinizadores das culturas agrícolas no mundo. Entre as mais de 20 mil espécies já catalogadas no planeta, somente algumas são manejadas comercialmente para a polinização de culturas agrícolas. As espécies de abelhas sociais são geralmente preferidas, principalmente devido ao alto número de abelhas, que podem ser mantidas em uma mesma colmeia, e pelo eficiente sistema de comunicação e recrutamento de campeiras para coleta de recursos florais (WINSTON, 2003; CRUZ; CAMPOS, 2009).

Sem a introdução da densidade ideal de polinizadores, somente se alcançará um completo serviço de polinização em cucurbitáceas, em uma escala comercial, a partir de um somatório dos esforços da diversidade de espécies polinizadoras naturais que atuam na área, associadas às práticas amigáveis de polinização, como a conservação e/ou restauração de áreas naturais, aliadas a outras práticas de manejo que visem minimizar os impactos negativos sobre esses insetos (WINFREE et al., 2007; SERRA; CAMPOS, 2010).

A falha no vingamento de um fruto, muitas vezes, é resultado de uma polinização inadequada, que é reflexo de um baixo número de óvulos fertilizados. Mesmo nas variedades triploides, é essencial uma polinização adequada para que haja uma produção suficiente de fitormônios que estimulem não só o vingamento, como também o bom desenvolvimento do fruto (MUSSEN; THORP, 1997). Assim, para que ocorra uma polinização ótima, que levará à formação de frutos dentro dos padrões comerciais, é necessário que os requerimentos de polinização da planta sejam atendidos (FREE,1993).

As flores que são impedidas de serem visitadas por agentes bióticos, independentemente de serem monóclinas (flores bissexuadas ou hermafroditas) ou díclinas (unissexuadas), ou ainda diploides ou triploides, não vingam fruto de um modo natural (ADLERZ, 1966; SPANGLER; MOFFETT, 1979; STANGHELLINI et al., 1997; 1998a,b; WALTERS, 2005)

Um polinizador dificilmente conseguirá transferir em uma única visita toda a quantidade de pólen requerida pelas flores de melancia (500 a 1.000 grãos de pólen) para formação de um fruto perfeito. Sendo assim, cada flor exige múltiplas visitas dos polinizadores para alcançar tamanha demanda por pólen (STANGHELLINI et al., 1998a,b). O aumento no número de visitas resulta em um maior número de frutos por planta, além de frutos de maior massa e mais doces para as variedades triploides, e frutos de maior massa, mais doces e com mais sementes em variedades diploides (GUERRA-SANZ; SERRANO, 2008).

Assim, a polinização dirigida, ou seja, a introdução de polinizadores manejáveis em cultivos com melancia deve ser considerada um insumo ou prática fundamental durante o período de florescimento, para o aumento da produtividade da área e a consequente melhoria na lucratividade (TSCHOEKE et al., 2011).

ADLERZ, W. C. Honey bee visit numbers and watermelon pollination. Journal of Economic Entomology, v. 59, n.1, p.28-30, 1966. 

AGRIANUAL 2018: Anuário da Agricultura Brasileira. 23. ed. São Paulo: FNP Consultoria & Agroinformativos, 2016. 458 p 

CRUZ, D. O.; CAMPOS, L. A. O. Polinização por abelhas em cultivos protegidos. Revista Brasileira de Agrociência, v. 15, n. 1-4, p. 5-10, 2009. 

CRUZ, D. O.; CAMPOS, L. A. O. Polinização por abelhas em cultivos protegidos. Revista Brasileira de Agrociência, v. 15, n. 1-4, p. 5-10, 2009. 

FREE, J. B. Insect pollination of crops. 2. ed. London: Academic Press, 1993. 684 p. 

GUERRA SANZ, J. M.; SERRANO, A. R. Influence of honey bees brood pheromone on the production of triploid melon. In: EUCARPIA. MEETING ON GENETICS AND BREEDING OF CUCURBITACEAE, 9., 2008, Avignon. Proceedings… Avignon: INRA, 2008. p. 385-390. 

IBGE. Produção Agrícola: Melancia. Rio de Janeiro, 2020. 

MOHR H. C. Watermelon Breeding. In: BASSETT, M. J. (Ed.). Breeding vegetable crops. Connecticut: AVI Publishing, 1986. Cap. 2, p. 37-66 

MUSSEN, E. C.; THORP, R. W. Honey Bee Pollination of Cantaloupe, Cucumber and Watermelon. University of California, Cooperative Extension, 1997.  

SERRA, B. D. V; CAMPOS, L. A. O. Polinização entomófila de abobrinha, Cucurbita moschata (Cucurbitaceae). Neotropical Entomology, v. 39, n. 2, p. 153-159, 2010. 

SIQUEIRA, K. M. M.; KIILL, L. H. P.; GAMA, D. R. S.; ARAÚJO, D. C. S.; COELHO, M. S. Comparação do padrão de floração e de visitação do meloeiro do tipo amarelo em Juazeiro-BA. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 33, n. 1, p. 473-478, 2011. 

SPANGLER H. G., MOFFETT, J. O. Pollination of melons in greenhouses. Glenanings in Bee Culture, v. 107, n. 1, p. 17-18, 1979 

STANGHELLINI, M. S.; AMBROSE, J. T.; SCHULTHEIS, J.          R. Using commercial bumble bee colonies as backup pollinators for honey bees to produce cucumbers and watermelons. HortTechnology, v. 8, n. 4, p. 590-594, 1998a 

STANGHELLINI, M. S.; AMBROSE, J. T.; SCHULTHEIS, J. R. The effects of honey bee and bumble bee pollination on fruit set and abortion of cucumber and watermelon. American Bee Journal, v. 137, p. 386-391, 1997 

STANGHELLINI, M. S.; AMBROSE, J. T.; SCHULTHEIS, J. R. Seed production in watermelon: A comparison between two commercially available pollinators. HortScience, v. 33, n. 1, p. 28-30, 1998b 

TSCHOEKE, P. H.; PINTO, I. O.; SILVA, R. J. Polinização da melancia por abelhas. In: SANTOS, G. R.; ZAMBOLIM, L. (Ed.). Tecnologias para produção sustentável da melancia no Brasil. Gurupi: Universidade Federal do Tocantins, 2011. cap. 4, p. 59-94. 

WALTERS, S. A. Honeybee pollination requirements for triploid watermelon. HortScience, v. 40, n. 5, p. 1268-1270, 2005. 

WINFREE, R.; WILLIAMS, N. M.; DUSHOFF, J.; KREMEN, C. Native bees provide insurance against ongoing honey bee losses. Ecology Letters, v.10, p. 1105-1113, 2007. 

WINSTON, M. L. A biologia da abelha. Porto Alegre: Magister, 2003. 276 p.

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